08 fevereiro 2011

Sidi Ifini – Laayoune


Estava prometido para o quarto dia de aventura o primeiro contacto com o deserto. Aliás, em parte viemos em busca desta experiência. Entusiasmados, deixámos o Hotel Suerte Loca por estradas idênticas àquelas que nos conduziram a Sidi Ifni. Um sobe e desce a serpentear pequenas colinas de vegetação rasteira. Assim foi até Guelmim, quando estavam percorridos apenas 60 km. A partir desta localidade, predominantemente de cor ocre, muda a paisagem, mais árida agora, renova-se a estrada que progressivamente se torna menos sinuosa e aumenta a presença militar que se faz ver e sentir. Lentamente sentimo-nos engolidos por outra dimensão. Compreendemos, lentamente, estarmos a percorrer a denominada Estrada Atlântica onde as rectas estreitas cortam a paisagem, cada vez mais árida, cada vez mais imensa. Se dúvidas houvesse as placas indicavam “Dakhla 1000 km”. Como quem diz, vê lá no que te metes. Ao entrar em Tan-Tan, um novo ritual era inaugurado: La fiche, si vous plais. Simpáticos, aceitam uma fotocópia do nosso passaporte com mais alguns elementos adicionais. Cada um de nós transporta consigo cerca de três dezenas da fiche para progredir mais rapidamente, sem demoras. E funciona...

Aqui almoçámos, não sem antes beber o famoso chá marroquino. Fiquei fã...  Sem mais delongas dilatámos a progressão no deserto que se faz sentir maior e mais dominador da paisagem e dos pensamentos. Aqui e ali, lagos secos de onde extraem sal. Nas rectas mais perto da costa, alguns pescadores, que lançam a linha das arribas de 30 metros, confundem-se com as pedras. Os animais, agora quase só cabras, pastam nas bermas como dantes, mas agora sem pastor. Um perigo... Lentamente surgem as primeiras dunas e com elas as primeiras línguas de areia na estrada. Mas, o que mais enche, o que mais perturba é, contraditoriamente, o vazio... o vazio do deserto. É uma rota incrível... cheira-me que tenho de cá voltar. A passagem da “fronteira” com o Sahara Ocidental é quase desconsiderada. Na verdade tive de voltar atrás com o Paolo para entalhar a circunstância no cartão de memória da máquina fotográfica, que ficou à mão para fotografar os meus primeiros camelos no seu habitat natural. Admirável... e eu que nem gosto muito dos bichos... Já em território Sahara, percorremos poucos km até atingir o goal de hoje, Laayoune, mas só depois de passar mais dois postos de control. La fiche, si vous plaisdizem os agradáveis senhores agentes da autoridade. O hotel, de 4 estrelas (locais...), é agradável e tem Net! Até amanhã, em Dakhla.



2 comentários:

Unknown disse...

Peter,
Já vi que está a adorar, era como te tinha dito,tudo de outra dimensão, desde as paisagens, cores, cheiros, sabores, gentes, costumes, estradas, enfim fantásticas experiências para um Europeu, tudo novidade, em que mal se tem tempo para assimilar tudo :))
Continuem a Aventura,com a Suerte Loca e por estradas fantásticas, e bebendo esses chás saborosos :))
Hugs :))

Paulo Luis disse...

Diz um lavrador de Dakhla á sua namorada, ao ver um boi a saltar para as costas de uma vaca: Amor, era aquilo que gostava de fazer agora. Responde ela: - Não sei porque não o fazes?! As vacas são todas tuas...:-)
Aqui vai uma graça para o teu proximo jantar com os amigos. Continua a cavalgar a toda a sela. Aquele abraço. Bone Chance.

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