11 fevereiro 2011

Nouadhibou – Nouakchott


A noite foi tranquila, apesar do insólito de ter de partilhar a cama com o meu companheiro de quarto, o Mauro. Afinal já nos conhecemos à cerca de 3000 km... Curioso o espaço que se manteve inviolado na faixa mediana do leito. Ninguém quis arriscar... era Terra de Ninguém, não houvesse por ali alguma mina...
As atividades iniciaram-se com uma visita ao Cabo Branco, mesmo na pontinha do istmo onde está localizada a cidade de Nouadhibou, para visitar o farol, observar um grande navio encalhado e, talvez, ter a oportunidade de observar as Focas Monge (espécie em vias de extinção). Para tal, desfrutámos de alguns km fora de estrada com zonas complicadas pela quantidade de areia existente. Mas valeu a pena, também por acumular mais uma experiência TT. As dicas do Carlos Martins revelaram-se muito úteis e fundamentais para ultrapassar alguns obstáculos. Mesmo assim, ainda consegui atascar a GS... Ainda no Cabo Branco tivemos oportunidade de visitar um centro de interpretação, onde a vida animal local é alvo de destaque. Como curiosidade, fiquei a saber que em todo o mundo já só existem cerca de 500 espécimes de Focas Monge, 125 das quais neste cabo (35 espécimes na Madeira). Pesam cerca de 350 kg em adultas e medem cerca de 2,5 m. O encarregado da exposição ainda teve tempo para nos explicar a faina de pesca artesanal típica da Mauritânia, onde se constata a cooperação entre os homens e os golfinhos.




Reagrupamento no Hotel onde pernoitámos. Saímos da cidade atravessando o centro onde, mais uma vez, vivemos de perto o reboliço típico de uma metrópole da África Negra (apesar de, oficialmente, se considerar África Negra do Senegal para sul) . A estrada leva-nos para norte, depois faz-se paralela, para leste, à linha de comboio e só depois desce para sul em direção a Nouakchott. Neste percurso o vento lateral fez-se sentir, o que se refletiu, sobretudo, pela acumulação de areia no pavilhão auricular no fim do dia. Um bom esfoliante...
A vegetação rasteira salpica a areia do deserto imprimindo-lhe, mais uma vez, um novo visual. Quem disse que o deserto era monótono? Aqui e ali umas acácias, uns camelos, umas cabras e pequenas localidades, poucas, com casas dispersas a lembrar acampamentos provisórios. Na verdade, a Mauritânia é um dos países do mundo com menor densidade populacional e, a julgar pelo que observámos hoje, confirma-se...
Depois de uma curta paragem para pic-nic em Bou Lanouar, na Boutique Star, continuámos a travessia do deserto. Sinal de rede, népias... Carro de apoio com combustível, muito... Ordens para rolar à vista para evitar partir o grupo. Apesar de atualmente se viver alguma estabilidade política neste país, o terrorismo tem adquirido alguma expressão. Claro que os registos fotográficos ficaram penalizados, mas é absolutamente compreensível. Há que minimizar os riscos... Mais tarde parámos na “estação de serviço” onde foram raptados 2 espanhóis à cerca de dois anos atrás. Tínhamos a estratégia montada. Na eventualidade, o galego serviria de moeda de troca. Pronto... ficámos descansados.



Esta rota levou-nos um pouco mais ao interior do território e o calor depressa se fez notar, atingindo cerca de 30 graus. A vegetação sofre com estas diferenças climáticas e torna-se cada vez menos presente, ao contrário da areia que predomina.



Parámos em inúmeros postos de fiscalização policial e a fiche de grupo manifestou-se uma boa aposta, acelerando todo o processo. Boa organização.



Já a poucos km do goal, o vento fez-se sentir mais uma vez e presenteou-nos com imagens únicas. A areia a deslizar sobre o alcatrão mais parecia um fenómeno de sublimação. Rolávamos num tapete deslizante quando entrámos em Nouakchott. Talvez por termos tido a experiência do dia anterior, a entrada na capital da Mauritânia não causou tanto impacto, ao contrário da visita ao mercado local após de muito bem instalados no Hotel Deca Polis Marhaba. Amanhã entraremos no Senegal por acessos fora de estrada...





1 comentário:

Unknown disse...

Peter,
Pois quem tem o Enrique, para moeda de troca tem tudo :)) coitado do Menino Enrique...
Cabo Branco e as focas, que espectáculo e que saudades :))
Continuação de boa Aventura e Abraços para todos :))

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